E POR FALAR....

E por falar…

E por falar em falar, falamos com o próximo cada vez menos, parece que nosso tempo está cada vez menor, ou melhor, parece que tudo esta diminuindo. Pior, as amizades estão cada vez mais escassas, e por falar em menor, eu me lembro de quando era garoto, eu me dirigia a padaria perto de casa e comprava uma ficha que no seu verso estava gravado o nome da operadora de telefonia, geralmente em frente a padaria existia um orelhão amarelo com um aparelho vermelho com seu gancho pendurado do lado direito e os números ficavam no centro em um disco, demorávamos minutos para completar a ligação. a ficha era cara e tínhamos três minutos para falarmos antes da ficha cair, isso se o orelhão da frente da padaria não estivesse quebrado, caso estivesse avariado eu era obrigado a andar “léguas” para encontrar um telefone que funcionava. A urgência nessa época não era tão “urgente” como hoje. Hoje as pessoas possuem um celular de cada operadora as vezes um em cada bolso seja para economizar ou por ser muito requisitado, hoje a urgência se tornou mais “urgente”, é só dizer que se trata de uma urgência e temos em questão de segundos, no mínimo, quatro celulares a mão, e por falar em mão ela tem substituído nossa boca no que diz respeito ao dialogo, infelizmente hoje através de dois computadores que antes cabiam em um cômodo e hoje se aconchegam em nosso colo no sofá de nossas casas, é através desses incríveis aparelhos que hoje não falamos mais segredos ou trocamos confidências com nossos amigos, hoje nós teclamos elas, munidos de um teclado e um monitor de LCD, e por falar em LCD os televisores estão cada vez maiores e mais finos, chegam a substituir na sala de nossas casas os quadros de natureza morta, as vezes pintado com muito carinho por alguém com quem dialogávamos, caiu também no esquecimento o milagroso BOM BRIL que quando colocado na antena da TV COLORADO nos garantia o mínimo de imagem possível aos domingos quando assistíamos o programa SILVIO SANTOS ou a cada 4 anos a COPA DO MUNDO, que na época os jogadores usavam calção de sarja com camisas de algodão tudo sem muito luxo, nessa época eles amavam o time em que jogavam, alem de tudo eles não reclamavam da tecnologia da bola que era costurada a mão por alguém muito caprichoso que a deixava bem redondinha e sem defeito, e muito provavelmente essa pessoa enquanto manuseava suas agulhas dialogava com alguém do seu lado, e por falar em defeito e bola, isso me fez lembrar do antigo FUSCA movido a ar e carburador, este bólido raramente dava um defeito e quando dava era um motivo para visitar o amigo mecânico, hoje, nem conversamos direito com o mecânico apenas colocamos o carro na oficina e através de um pequeno aparelho também com tela de LCD detecta-se o problema, é a geração do TETRAFUEL e da INJEÇÃO ELETRONICA, da uma saudade do barulho de se soltar o freio dentro de um VOLKSWGEM, da saudade de ouvir uma fita cassete no MOTORADIO, e por falar em radio, tenho dó dos colecionadores de LONGPLAYS ele foram surpreendidos pelo CD, depois pelo MINI-CD que nem surgiu e já desapareceu, e as musicas ou milhares delas cabem dentro de um aparelho minúsculo que quase sempre, cabem na palma de nossas mãos e, muitas vezes , trazem até a imagem do cantor para dar mais realidade ao que não é real, e por falar em imagem, desiludidos devem estar os fotógrafos, antigamente eles eram celebridades nas cerimônias familiares, eles foram reduzidos aos nosso parentes próximos que no meio de qualquer festividade, fazem as vezes dos paparazzis todo mundo tem uma câmera na bolsa ou no celular, e no outro dia laçam as fotos do nosso momento familiar nos sites de relacionamentos, e essa imagem no outro dia esta sendo comentada por uma pessoa que ao menos conhecemos, e as vezes do outro lado do mundo, tudo em nome da tecnologia, e por falar em tecnologia, temos a nossa mão cartões de PVC que nos ajudam a pagar a condução, sim isso mesmo, um cartãozinho minúsculo nos privou de dar bom dia ao cobrador, afinal não precisamos mais dele, o mesmo tipo de cartão obriga-nos a fazer compras em dez vezes sem juros através de sites de compras, que nos proibiram do dialogo com aquele antigo vendedor, o mesmo personagem que vendia a nossa Avó com uma simples assinatura em uma caderneta e/ou uma nota promissória, hoje não é o vendedor que deve confiar em nós, e sim, nós que devemos confiar em uma maquina que processará nosso pedido e nos entregará o produto através de um MOTO BOY, e por falar em MOTO BOY as coisas ficaram tão rápidas que eles substituíram os saudosos OFFICE BOYS que viviam na fila dos bancos com seus bonés enterrados na testa e “matavam” a condução para comer o delicioso HOT DOG com duas salsichas e maionese no centro da cidade, e por falar em maionese não temos tempo mais de incrementar nossas receitas, afinal, compramos tudo pronto por telefone, e em menos de minutos temos a mesa de nossa casa uma comida industrialmente preparada, não pela nossa mãe ou avó, mas por alguém que ao menos conhecemos, comidas árabes, chinesas, italianas e japonesa temos tudo ao nosso alcance, e por falar em alcance, as Guerras antigamente eram mais justas, exércitos andavam léguas para atacar e hoje, o alcance esta apenas em um botão, e pro falar em botão não se fala mais em alfaiate e nem se fala mais com eles, compramos roupas em inúmera lojas de departamentos, estamos aliados aos seus cartões de fidelidade, roupas por um preço sem concorrência, que o digam as costureiras, roupas feitas na CHINA em grande escala, alem disso, corremos o risco de ter uma roupa igualzinha a do nosso vizinho escravo da mesma situação, e por falar em vizinhos, eles estão aumentando, hoje todo mundo mora em prédios e isso acaba trazendo mais intrigas e aqueles que eram sinônimos de amigos tornaram se inimigos, e por falar em inimigo com toda essa loucura e correria, estamos exatamente entrando na cilada por ele criada e deixando de lado o MANDAMENTO que Cristo nos deixou de AMARMOS UNS AOS OUTRO e em um outro momento no seu rico evangelho nos disse, PARA NÃO SE PREOCUPAR COM O DIA DE AMANHA POIS ELE CUIDA DE NÓS.

Ewerton Quirino de Souza

Dia 15 de julho de 2010